domingo, 24 de abril de 2011

Memorias Paroquiais – “Censos” da Aldeia do Pego datado de 1758

Arquivo Nacional Torre do Tombo

Ao pesquisar o Arquivo Nacional da Torre do Tombo encontrei um documento, denominado Memórias paroquiais, vol. 28, nº 110, p. 717 a 722, o qual descreve como era a Aldeia do Pego, com bastante pormenor, tanto a nível populacional e social, como a nível geográfico.
Os documentos fazem referência a muitos dos aspectos da vida da aldeia do Pego no século XVIII, pelo que, por curiosidade, passo enumerar alguns desses aspectos:


A ALDEIA DO PEGO EM 1758

A POPULAÇÃO
Nesta data a População do Pego era constituída por  “360 almas a saber confissão e comunhão…” e “76 a saber de confissão apenas…” perfazendo um total de 436 habitantes.

GEOGRAFIA DA ALDEIA DO PEGO
Alem do “centro da Aldeia”, fazem parte do Pego o Vale de Figueira, Os Tendeiros, a Macheira, Casal dos Negrinhos, Casal da Torre, Quinta de Coalhos, Casal do Duque, Casalinhos, Casal do Nateiro, Lagar Velho e Vargem das Fontes, “…e vem assim a ter esta freguezia hum lugar, e doze cazais.*”
*(texto em português do século XVIII)
RELIGIÃO
A padroeira da freguesia é a Santa Luzia, e a procissão (cortejo) realizava-se uma vez por ano, mas como o Pego não teria o seu próprio vigário, esta era feita alternadamente pelos vigários de S. Vicente e S. João.

JUSTIÇA
A esta freguesia estava atribuído um vigário geral, que nesta época seria o Doutor João Barata Sousa, Comissário do Santo Oficio, nomeado pelo bispo da Guarda, Bernardo António de Mello Ozório.
“…no temporal, e forence o governa o juis de fora que aprezenta a Excelentissima Donatária, e por um ouvidor corregedor que tãobem aprezenta a Excelentissima Donatária, e por hum ouvidor corregedor della o de Thomar e provedor he o da Comarca de Thomar, nesta freguezia só há hum offiçial chamado juis espadano pêra fazer notificaçõns, e dar parte dos acontoçimentos a justiça.” *
*(texto em português do século XVIII)



O CORREIO
O correio vinha da Vila de Abrantes, que “…dista deste lugar meia legoa…*”, e chegava às quintas-feiras e partia às segundas, todas as semanas.

AGRICULTURA E PESCA

Referem estes documentos que na Aldeia do Pego, que a agricultura do pego era baseada na produção de trigo, milho, centeio e feijão preto, havendo também a criação de algum gado. Também refere que o rio Tejo “tinha todo o tipo de peixe de água doce”, sendo de salientar a apanha do sável, da lampreia, muge, sabogas, “sermons”, barbos, bogas e carpas entre outros.
Neste altura “…as pescarias são livres, e só pagão dizima, e redizima.”. existiam no entanto “pesqueiras”  para a pesca do sável, lampreia e sabogas onde “… só podem nellas pescar com redes dentro de bateis os senhorios dellas*…”!
*(texto em português do século XVIII)




VIRTUDES DAS ÁGUAS DO TEJO (SEC. XVIII)
“Dizem que as agoas façilitão a sugestão, e que são bons os banhos delle no verão.”*
*(texto em português do século XVIII)

MOINHOS E LAGARES
Existem referências para a existência de um moinho e um lagar “ambos só com uma pedra de moer” na ribeira de coalhos, que pertenciam a João Gomes de Sousa, morador na Vila de Ponte de Sôr, acima destes, na parte poente , existia outro lagar que moía apenas azeitona e pertencia a José Cabral, senhor que pertencia às cortes de Lisboa. Estes proprietários pagavam por ano cerca de seis mil Reis ao Duque de Lafões, senhor das terras circundantes da Aldeia do Pego, “pela passagem das águas”.
Existia ainda um outro lagar no lugar da Calça Torta, propriedade da viúva de Manuel Saldanha, natural de Cascais.
A ribeira de Coalhos, também é referida neste documento, como sendo um curso de água que tem a sua nascente em S. facundo, e desagua no rio Tejo no Pego ”…no sitio do nateiro…”, mas que “…seca quase todos os verões!” 


A MONARQUIA / O SENHORIO
Existem várias referências ao Duque de Lafões, como sendo o senhorio da maior parte das terras da Aldeia do Pego.



DISTÂNCIAS GEOGRÁFICAS
O autor deste documento afirma que o Pego, naquela época, dista de “meia légua” da “Vila de Abrantes”, de “trinta léguas” da Cidade da Guarda e “Vinte cinco léguas” da Cidade de Lisboa.

O TERREMOTO DE 1755
Neste documento é referido quais os “danos” provocados por este famoso terramoto na Aldeia do Pego, como já havia publicado anteriormente um artigo sobre estes factos neste Blog.


Á DESCOBERTA DOS DOCUMENTOS
Existem mais factos bastantes interessantes, sobre a Aldeia do Pego, contidos neste documentos, os quais publique aqui o seu “link”, para que possa os possa também analisar.


REVISTA “ZAHARA”
Estes textos foram traduzidos/publicados na revista “Zahara” (Novembro de 2006), publicação do Centro de Estudos de História Local – Palha de Abrantes, revista essa que poderá consultar na BIBLIOTECA DO PEGO.

“E não há em esta freguesia outra alguma coisa de que possa dar noticia mais de que o que desta consta”
Pego, 28 de Abril de 1758 
O Cura Manoel Rodrigues de Oliveira

(Fonte: Arquivo Nacional da Torre do Tombo)

1 comentário:

Mafalda S. disse...

Adorei este teu post, bem como toda a investigação por detrás do mesmo. Saber mais sobre os nossos antepassados é algo que me interessa muito (quer da história do nosso Pego, quer estudos de genealogia). É sempre bom saber de onde vimos.

O teu blog está a surpreender-me cada vez mais, pela positiva.

Um abraço, e um obrigada por este teu trabalho (todos os pegachos beneficiam com o mesmo).

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