quinta-feira, 30 de junho de 2011

Historias e Lendas da Nossa Terra

Bruxas na Aldeia do Pego
A minha avó contava-me que a mãe dela foi morta pelas bruxas. Ela ainda era nova, mas começou a ficar cheia de dores, sem poder andar.
Deitada na cama até metia dó, toda encolhida, encarquilhada…
Um dia foram a um benzedor e lá disse que era uma pessoa que lhe andava a fazer mal. E mais. Era uma pessoa que todos os dias ia lá a casa perguntar se ela estava melhor.
Cura não havia, mas para aliviar o mal, o benzedor receitou numa mezinha: dentro de um caldeiro, deviam colocar água com umas ervas que ele lá deu, quando a água estivesse a ferver deviam colocar lá dentro uma muda de roupa da doente. E aquilo era maravilhoso; enquanto o lume estava aceso e a água fervia, a minha mãe estava na cama, direita, sem dores nenhumas, mal o lume s e começava apagar, logo ela começava a ficar toda encarquilhada, de novo cheia de dores.
Aquilo era coisa de bruxa, era lá uma vizinha que morava quase em frente, a Ti Couressa, chegou a ir para cima do telhado, deitar-lhe as mãos cheias de terra para cima da cama. E todos os dias lá ia deitar a cabeça e perguntar:
- Tão, Maria, tas melhorzita! 


Baile das bruxas

A minha avó tinha cinco filhos e dormiam todos juntos. Ás vezes, durante a noite, chamavam pelo pai e diziam que lhes estavam a puxar o fato.
Certa noite o pai levantou-se, de facto, os filhos não tinham fato nenhum em cima deles. Foi então que o homem ouviu uma grande risada, na sala ao lado, e foi ver o que era. As bruxas lá estavam a cantar e a dançar no meio da “casa de fora”, com o fato da cama em cima delas. Quando viram o meu avô, fugiram, largando a roupa.
Isto aconteceu várias vezes.

Rezas Trocadas

Antigamente no pego, havia grandes searas de milho. Quando o milho estava seco, os lavradores convidavam muitas raparigas da aldeia e noite dentro (porque o calor do dia tornava esse trabalho muito difícil), faziam as descamisadas. Os rapazes, muitas vezes seguiam as raparigas e normalmente o trabalho acabava em baile, cantado e dançado ao luar.
Certa noite, dois rapazes foram atrás das raparigas e a meio do caminho ouviram sinais de uma grande festa. O canto vinha de longe e os rapazes foram-se aproximando. Quando chegaram perto viram que era um baile de bruxas. Um deles resolveu ir ao pé dela, mas outro resolveu assistir á festa do cimo de uma árvore.
Quando o rapaz chegou junto das bruxas, estas ficaram muito admiradas pois não costumavam ter visitantes, mas depois convidaram-no para dançar. Passado algum tempo uma das bruxas disse ao tal rapaz:
- Daqui a pouco vai chegar o nosso deus. Quando ele chegar tens de beijar-lhe o rabo e, em seguida dizer…”aboa, aboa por baixo de toda a folha”.
Pouco depois chegou o deus das bruxas e elas, uma a uma, iam junto dele e beijavam-lhe o traseiro. O rapaz ao ver aquela cena, disse para consigo.”Oh valha-me Deus! Quem é que há-de beijar tão negro rabo!”. E pensando isto foi-se afastando um pouco do terreiro onde estavam as bruxas, com o intuito de fugir dali, e foi então que resolveu dizer: “aboa, aboa por baixo de toda a folha”.
As bruxas soltaram todas uma grande gargalhada e disseram em coro: “Aboa, aboa por cima de toda a folha”. Nisto elevaram-se no ar, juntamente com o seu deus e voaram bem alto, olhando e troçando do pobre rapaz que no seu voo rasteiro ficara preso num grande balseiro. 

Tesouros Escondidos

Na Barroca os antigos esconderam duas talhas; uma com ouro e outra com azeite; com o passar do tempo o azeite tornou-se veneno e hoje as talhas lá continuam, mas ninguém ousa lá ir buscar o tesouro, pois caso encontre primeiro a talha do veneno morrerá imediatamente.
 Aldeia do Pego - Terra de lendas e tradições

Nota: textos retirados do livro "Histórias à lareira", de Isilda Jana, e que poderá ser consultado na BIBLIOTECA DO PEGO.

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